o que é tirar uma pessoa do dicionário
Eu sempre precisei de coisas graves na minha vida para que me forçassem a seguir em frente. Sempre fui impulsiva, e posso dizer, com certa amargura misturada com doçura, que isso me atrapalhou um bocado. Mas eu não troco minha impulsividade por nada desse mundo. Tenho a impressão de que enquanto algumas pessoas ficam naquela luta interna, tentando concatenar a razão com a emoção, eu simplesmente vou. Não acho isso um mérito. Muitas vezes eu quis ser racional. Muitas vezes odiei o modo como alguma simples palavra me afetava, e o pior, como eu me deixava afetar. Agora isso tudo mudou. De um jeito difícil. Eu sempre dou a cara pra bater. Mas agora basta. Lembra, aquela história de deixar os machucados visíveis pra aprender com eles? Acabou. Hoje fiz uma sessão descarrego total. Tremendo, é verdade, mas fiz. Joguei tudo fora. Letras de músicas, cds, bichos de pelúcia, de côco, porta cds, camisetas, livros, meias, bolsas, enfeites, flyers, algumas fotos... Depois de uma noite mal dormida, palavras ditas que eu prefiro esquecer do que ficar relembrando a cada cinco minutos, um rosto que eu não reconhecia, eu acho que mereço um pouco de sossego. E essa sou eu, aquela menina que não tem medo de botar a cara pra bater, que escreve claramente o que tá pensando, que não se preocupa em fazer joguinhos com palavras, ou com meias-palavras. Eu tenho muito claro tudo que sinto e penso. A sinceridade é uma virtude minha, e eu vos digo: sou sincera comigo mesma. Sei quando chego no meu limite. O limite dos outros, eu não sei. Cansei de tentar adivinhar. Por isso, ao invés de continuar tentando, eu vou viver a minha vida. Espero não perder a doçura. Penso numa frase chavão do Che Guevara que todo adolescente já teve estampado em camiseta. Você conhece, "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás".
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