você pode ir na janela

Quando as coisas não vão bem na sua casa, e você sente que é a única que se importa com isso, a única que vê tudo desabando, as coisas ruindo, as risadas se esvaindo, o clima pesando, a alegria indo embora pela porta da frente, e não há nada que se possa fazer, o que é esperado de você? Como se comportar? Esquecer de tudo também e ser egoísta também? Ficar sofrendo trancada no quarto, se escondendo atrás de sorrisos falsos, enquanto guarda uma dor gigante dentro do peito? Então chorar no banheiro, também com a porta trancada, o chuveiro ligado para que o barulho das lágrimas não incomodem e não se façam presentes? Não sei o que fazer. O meu exemplo de amor entre homem e mulher de casa é estranho. Não deveria estar colocando isso aqui, pra todo mundo ler, mas then again, quem é todo mundo? O que eu posso fazer pra colocar essa dor pra fora, uma dor que eu não entendo direito e nem sei por que sinto, aquele tipo de coisa que eu preferia desaparecer por uns tempos, não voltar pra casa, ficar um tempo longe e daqui uns anos voltar. Parece desesperador, mas eu não sei se quando voltasse, as coisas seriam diferentes... Não sei então o que é pior: ficar e agüentar ou sumir. Pensando em sumir, vem a dose de realidade que me acompanha há alguns anos, aquela que eu não tinha quando tinha 16 anos e queria sair de casa. Impossível sair. A dependência ainda existe. Preciso de uma calculadora. Todos fogem dos problemas, não? Não posso fugir, só dessa vez?