.:o muro da dedé:.

:: diário de uma pós adolescente urbana:: feel free.



quarta-feira, agosto 24, 2005

maple syrup, i wish.

Tô tomando aí um tal xarope, o Dr. Tudo Bem que me deu. O baguio é até gostoso, tem aquele gostinho de chiclete de tutti-frutti. Baballoo. Então, o Dr. Tudo Bem (adorei esse apelido, live with it) me deu o tal xarope e falou que pode causar sonolência. Eu pensei que não ia rolar isso comigo, porque sou otimista, não porque não tenho tendência a dormir com remédios - é 1,2 pra dramin funcionar e eu capotar e ficar grogue por horas a fio.
Tomei o baguio chegando em casa ontem à noite. Lembra, tínhamos ido no burdog, comido, trânsito etc. Aproveitei e tomei o outro pra dor de cabeça, que é pra tomar uma vez por dia - já que ele age paulatinamente. (adoro o vocabulário dos médicos! eles falam "disciplina", "docente" e "paulatinamente". Além do "tudo bem", claro!) Tava eu assistindo tevê com papis e mamis - eu fico muito caseira e sempre quero ficar junto de papai e mamãe quando estou doente - e de repente me senti na Régis Bittencourt, quando pego o Cometão pra ir pra Curitiba e fico grogue por conta do maldito dramin. Daí lembrei de uma história sinistra que aconteceu uma vez, quando tava voltando do carnaval de Ouro Preto. Quer dizer, tava saindo do carnaval de Ouro Preto e indo pra Vitória, encontrar o Rodrigo. Era a 1a vez que eu ia pra Vix, estava apreensiva. Bem, vamos lá, momento flashback.

Dias de carnaval: cerveja, sol, cerveja, sol, cerveja, água, cerveja, rua, cerveja, bloco, cerveja, caldo de feijão, cerveja, gelatina com vódega, cerveja, coxinha, cerveja, club social, cerveja, bloco, ladeira, chão. Era assim todo dia, praticamente. Quatro dias consecutivos. No 5o, tava morta. Isso no Carnaval de 2001, eu ainda era fracote. Bem, adoro lembrar desse carnaval porque muita coisa aconteceu. Claaaaro que eu liguei bêbada pra alguém, mas essa pessoa foi bem receptiva e me disse que me esperaria com todo carinho após o carnaval. Anyhow, lá fomos nós, andando para a rodovs, com mochilona nas costas. Mentira, a minha era mala de mão mermo. Pior. Sobe ladeira, sobe ladeira - já estávamos craques em ladeira! Entrei no buso pra Vitória. Vi aquela família inteira subindo: tinha mãe, tia, prima, primo, bebê, cunhada... só a mulherada e um rapaz de uns 16, 17 anos no máximo, cabelinho rapadinho sá?, descolorido com água oxigenada - bem à moda do Bonde do Tigrão da época. Pensei com meus botões "putaqueopariu, só falta a mãe sentar com o bebê do meu lado!" . O meu assento era o 1o da janela, atrás do motorista. Eu nunca tenho sorte. Daí o bebê sentou atrás de mim. Por um segundo pensei "ufa." Um segundo mermo, porque daí veio o menino direto do Bonde do Tigrão e sentou-se ao meu lado. Na época, eu ainda andava com meu walkman, ouvia fitas de bandas independentes e talz. Tá, eu faço isso em mp3 agora. Então, ele sentou e eu logo senti aquele cheiro agradável, cheiro do corpo... Virei pra janela, me encolhi, liguei o walkman, tomei um dramin e fui. Anoiteceu, e no meio da viagem eu começo a ouvir, numa voz sussurrando e fedida ao meu lado:
(me dá aflição até de lembrar!)
- psiu! ei! psiu! ei, gatinha... acorda, vai...
E eu com o cu na mão.
- ah, você não tá dormindo, acorda vai..
Eu aumentei o walkman. acho que ele continuou falando. Depois de meia hora sem me mexer encolhida no banco, pensei que ia ter que tomar alguma atitude. Era de madrugada, no meio da serra, eu viajava sozinha. Virei pro cara e falei mó alto:
- Escuta aqui, se você não percebeu, eu estava dormindo. E se você me incomodar mais uma vez, eu vou ser obrigada a pedir pro motorista falar com você e com certeza a sua mãe que está aí do lado não vai gostar nada!
O cara de pau fingiu que não era com ele. Mas eu me senti um pouco mais riot grrrl do que andava me sentindo depois de tanta putaria em OP.